sábado, 5 de maio de 2018

Minha Vida: Capítulo 7: "HISTÓRIA DE AMOR"



“... Uma história de amor
Não tem sim nem não
E nem se pode explicar
Numa simples canção ...”

Quem não lembra dos versos da canção Uma História de Amor, que estourou no ano de 1995, na voz do grupo Fanzine? O instrumental dessa música (tan, tan, tan...), anunciava: estamos apresentando ou voltamos a apresentar a novela “História de Amor”, de Manoel Carlos e que foi exibida às 18:00h no mesmo ano de lançamento dessa música, na Rede Globo.

Na época, eu tinha 15 anos e vivia minhas subversões de início de adolescência, cada vez mais ligado em novelas. Eu entrava naquele mundo e ficava como que em transe, vivendo aquelas situações. Já era apaixonado pela Regina Duarte (meu primeiro conflito com meu grande amor, que não gosta dela rs. Mas... dizem que os opostos se atraem, não?) e a dobradinha dela como protagonista da novela do Maneco, não me permitia perder um capítulo sequer da história. Regina era Helena (nome icônico das protagonistas do meu autor preferido e a primeira das três que interpretou), uma mulher simples e que se apaixonava por Carlos (José Mayer), um médico rico e comprometido. A partir daí, iniciava-se o desenrolar de uma doce, forte e intensa história de amor...

Diferenças de personalidades, compromissos chegando ao fim para iniciar novas histórias e até o nome da banda Fanzine, tem ligação com o capítulo sete da minha história da vida real. Capítulo este que dedico àquela pessoa que considero meu grande e único amor da vida. Minha alma gêmea, minha cara metade. Até chegar a essa conclusão, foram anos de conflitos (internos e externos). Afirmação e reafirmação. Revolta, sofrimento, desgaste, desilusões. E a crença de que nunca eu iria me “juntar” a alguém para viver o resto dos meus dias. Afinal, eu era muito onipotente e eu mesmo me bastava. Um comportamento muito mais de defesa por tudo que sofrera até ali, do que um sentimento de soberba. E eis que o destino me pregou uma peça, que neste mês de abril de 2018, completou 10 anos de existência.

Mas, vou tentar trazer pra vocês um pouquinho dessa história, que diferente dos outros capítulos, terá pouquíssima narrativa, mas um toque mais forte do que eu sinto.

Era abril de 2008, quando numa boate, já exausto depois de muito me divertir e namorar, meu último olhar da noite cruzou com aquela figura. Pensei de cara: “Uau! Meu número! ” Fui atrás pra dar aquela investida querendo fechar a noite com chave de ouro. Passei várias vezes em sua frente, pelos lados, por trás e nada da figura me notar... (tempos depois descobri a sua dificuldade de enxergar no escuro, por causa do alto grau de miopia rs). Lembro como se fosse hoje como era, inclusive, a blusa que vestia: de malha com mangas curtas, listrada em vermelho, azul marinho e branco e com a marca bordada discretamente no peito (não farei propaganda aqui!). Já estava quase desistindo, quando finalmente nos esbarramos e, naquele escuro (que dessa vez não fora proposital), nossas mãos se tocaram, como se tivessem a necessidade de reconhecer alguém que estavam ávidas à procura. Uma espécie de encontro predestinado, entendem?

E dentro da magia daquele encontro, resolvemos ir embora juntos. Caminhamos bons quilômetros falando sobre tudo: trabalho, família, pretensões e decepções amorosas, futuro... Combinamos de nos ver dias depois. E, eu, que morava na zona oeste da cidade (Campo Grande), sugeri que nos encontrássemos na zona norte (Madureira) - e que tempos depois descobri que ele detestava o lugar kkkkkk. Um aparte explicativo: Madureira é um bairro completamente contramão de onde morávamos. Partimos à uma pizzaria do shopping (e que recentemente, dez anos depois, sentamos em frente à ela para comemorar nosso aniversário) e sem nos tocar em público, namorávamos com o olhar. Era tudo tão diferente de tudo, de todos... e tomado por um súbito impulso fiz um pedido: “quer namorar comigo?” e com um sorriso no rosto recebi um “Sim, porque não?”

O primeiro ano foi um dos mais difíceis. Eu era a perfeita incorporação da Paula (personagem da Carolina Ferraz na novela). Possessivo, chato, controlador. Não acreditava nas suas infindáveis reuniões de trabalho, queria atenção 24 horas por dia. Já estava prestes a instaurar uma crise que certamente culminaria com o fim da relação quando aconteceram duas coisas muito boas profissionais pra mim: fui promovido na empresa em que trabalhava há anos e ao mesmo tempo fui empossado em um cargo público. Minha euforia deu um freio naquele comportamento inseguro e comemoramos a valer pelas semanas seguintes. A calmaria voltava, quando eu, por questões minhas decidi que precisaria me afastar, pedindo o fim do romance. Também lembro como se fosse hoje: estávamos em uma lanchonete discutindo os “meus porquês” para justificar aquele término e as lágrimas rolando de ambos os rostos, sem poder nos abraçar ou nos afagar em público. Era angustiante, pois nossos corações já estavam entrelaçados. E ali, tive minha maior prova de amor. “Sim, vamos enfrentar o que for juntos!” – foram as palavras que ouvi. Chorei mais ainda e ali, tinha certeza de que aquela era a pessoa que sempre procurei.

Nestes dez anos de convivência, claro que tivemos pequenas rusgas, e até brigas. Mas eu me arrisco a dizer que foram menos de 5 discussões realmente sérias. Mesmo sendo tão diferentes, dificilmente nos desentendemos. Pelo contrário. Nos percebemos pelo tom da voz, pela forma de olhar e até mesmo pelo jeito de andar. Falar de histórias vividas nestes dez anos é ser repetitivo pois temos, literalmente, uma rotina de comercial de margarina (graças a Deus!). Dizem que falar de amorzinho perfeito em público e para o público é querer afirmar algo que não é verdadeiro. Já eu, penso o contrário. Num mundo tão cheio de violência, egoísmo e ódio, propagar o amor é uma dádiva. É reforçar laços de que viemos nesse mundo para praticar o bem, a caridade e bons sentimentos. Nosso melhor hobby – depois de viajar, claro! – é deitar no sofá e fazer cafuné vendo TV, até que as pálpebras pesem e o sono tome conta do corpo. A sinfonia do ronco é suavizada pelos afagos contínuos nos cabelos e de uma música que elegemos como nossa trilha sonora:

“ Gosto de ver você dormir
Que nem criança com a boca aberta
O telefone chega sexta-feira
Aperto o passo por causa da garoa
Me empresta um par de meias

A gente chega na sessão das dez
Hoje eu acordo ao meio-dia
Amanhã é a sua vez


Vem cá, meu bem, que é bom lhe ver
O mundo anda tão complicado
Que hoje eu quero fazer tudo por você”

Amar é isso. É velar e orar pelo bem-estar do outro sem querer nada em troca. É se sentir bem com o bem do outro. É apoiar o sucesso e os projetos do outro. Um músico e um ator. Um jornalista e um advogado. Um Sagitariano e um Leonino. Um aparecido e um comedido. Um que cozinha e um que lava a louça. Um que gasta dinheiro com livros e outro com roupas. Um que gosta de rock e um que gosta de axé. Mas os dois gostam de samba. Os dois gostam de escrever. Os dois gostam de viajar. Os dois se ensinam e se apoiam mutuamente. Até hoje somos o mesmo casal bobo de 10 anos atrás. Até hoje, temos um dia eleito para o “jantar do amor”, onde cozinhamos e brindamos por tudo que juntos construímos e que ainda estamos aprendendo. E como aqueles casais emblemáticos das novelas que tanto amo, temos nossa trilha sonora (que ilustra o link ao final dessa narrativa). A letra da música é exatamente a história da nossa vida, da nossa rotina. É como se nela retratasse tudo que vivemos até hoje, o que temos vivido ainda e o que certamente iremos viver até o fim de nossos dias.

Nossas viagens, a compra do nosso apartamento e os “openhouses” (que acontecem até hoje, pois nosso apê é pequenininho para receber tantos amigos queridos) e até o pedido de casamento quando completamos 10 anos de relacionamento foram e continuarão sendo disseminados em imagens e vídeos. Os supersticiosos (sim, porque além dos que não acreditam no amor verdadeiro e debocham que somos fake – coitados! -, existem os que tem crença em olho gordo), dizem para não fazermos propaganda ou expormos conquistas e planos, pois isso pode atrair más energias. Mas acho que nosso sentimento é tão forte que criou uma barreira que repele tudo isso.

Lembro como se fosse hoje, há dois meses, estávamos no topo da torre Eiffel, vendo Paris de cima, quando ouvi:
- Você está feliz?
- Sim, muito! – respondi com um sorriso no rosto e nariz vermelho do frio
- Mas você queria casar né?
- Sim. Mas eu entendo. Isso é uma mera formalidade. Já nos provamos tudo que precisávamos.
- Mas eu queria te dar isso...
E as suas mãos se abriram com um par de alianças!
O nariz a essa hora estava vermelho não só pelo frio, mas pela emoção conjugada às lágrimas que caiam incessantemente de meu rosto.
E num abraço apertado, sacramentamos ali nossa parceria e rezamos. E agradecemos.

Depois disso... bem... depois disso, voltamos à nossa rotina, aos cafunés depois de um dia intenso de trabalho, aos beliscões um no outro quando falamos alguma bobagem acompanhados de gargalhadas até a barriga doer. E aos abraços nos momentos de falta de estimulo no trabalho, em nossos projetos, ou mesmo uma tristeza do dia-a-dia... E é nesse abraço que me acalmo e me refaço. Como se fosse uma fonte de energia infindável que se renova e reforça cada dia que passa essa... HISTÓRIA DE AMOR...

Dedico esse capítulo ao meu grande e único amor.

Quer nos conhecer? Ouça e preste atenção nessa música do Renato Russo – O mundo anda tão complicado. Ela traduz em pouco mais de três minutos toda a nossa vida. Que seu dia e sua vida, caro leitor, se inunde de amor!





domingo, 18 de março de 2018

Minha Vida: Capítulo 6: "DEUS NOS ACUDA"


Em 31 de agosto de 1992, estreou a novela do “horário das sete” Deus nos Acuda, escrita por Sílvio de Abreu e dirigida pelo seu parceiro de longa data, Jorge Fernando, na Rede Globo . Eu tinha 12 anos, recém-completados e já ouvia os burburinhos de corrupção do Governo Collor. O então presidente, que iniciou seu mandato exatamente em 15 de março de 1990 estava, na época de estreia da novela, já com seus dias contados à frente da liderança da nação brasileira.

Fernando Collor foi o primeiro presidente eleito pelo povo desde 1960, quando Jânio Quadros venceu a última eleição direta para presidente antes do início do Regime Militar, que perdurou até 1985. Seu afastamento em 2 de outubro de 1992, foi consequência da instauração de seu processo de impeachment no dia anterior, seguido por cassação.

Para não me estender nessa narrativa, que é extremamente importante, mas que ocuparia grande parte da minha história (que neste capítulo tem muito mais o cunho de expor minha opinião como cidadão), relembrar que, eram tempos difíceis, onde o novo (em todos os sentidos, inclusive na idade) presidente, estava herdando uma inflação de dígitos, hoje inacreditáveis para jovens de 20 e poucos anos, na ordem de 1.972,91%.  A sua principal plataforma de campanha era o combate a esse crescimento e durante seus poucos dois anos de mandato, foi suficiente para fazer um belo estrago na vida de muitos brasileiros. Quem dessa época, não lembra do confisco às cadernetas de poupanças com depósitos bancários superiores a Cr$ 50.000,00 (cinquenta mil cruzeiros) visando reduzir a quantidade de moeda em circulação? Mesmo sendo o confisco bancário um flagrante desrespeito ao direito constitucional de propriedade, o plano econômico conduzido pela então Ministra da Economia Zélia Cardoso de Mello (sua prima) foi aprovado pelo Congresso Nacional em questão de poucos dias. Foram muitos escândalos envolvendo o governo, onde podemos citar que o estopim foi quando Pedro Collor de Mello, irmão do presidente, revelou o esquema de corrupção que envolvia o ex-tesoureiro da campanha Paulo César Farias, entre outros fatos comprometedores para o presidente. Em meio à forte comoção popular, foi  instaurada uma CPI para apurar a responsabilidade do presidente sobre os fatos divulgados. Em 2 de outubro foi aberto o processo de impeachment na Câmara dos Deputados, impulsionado pela maciça presença do povo nas ruas, como o famoso movimento dos “caras-pintadas”.

Preâmbulo longo não? Contudo, importante para fazermos algumas alusões aos tempos que vivemos hoje.  Precisarei fragmentar (e muito) a minha narrativa, pois falar de política no Brasil é algo quase inconcebível de tantos exemplos. Vejamos alguns:

Candidato com cara de anjo, parentes no poder, fragilidades da sociedade como plataforma de campanha...

O que conquistou o eleitorado na cidade do Rio de Janeiro para escolher como seu atual representante era o “rostinho boa gente” de Marcelo Crivella (que graças a Deus consigo dormir tranquilo em não ter dado meu voto a esse senhor), tal qual o “galã boa-praça” Collor. Em seu primeiro mês, o referido prefeito (assim como Collor nomeou sua prima Zélia, para uma das principais pastas do Governo – o Ministério da Fazenda), intitulou seu filho, a quem chama carinhosamente de “Marcelinho”, como secretário chefe da Casa Civil do município. Nomeação, que graças a um dos raros momentos atuais de coerência do STF, foi suspensa com apoio da OAB/RJ. Coincidência, não?

Saúde e Educação eram os carros chefes de sua campanha, pautados em seu trabalho missionário na África do Sul e sertão brasileiro, como então bispo da Igreja Universal (aquela presidida pelo Bispo Macedo, quem vem a ser o líder religioso que iniciou seu império de enriquecimento nos lendários cultos no Maracanã, de onde eram levados sacos incontáveis de doações através de helicópteros e que vem a ser, por acaso, como quem não quer nada, seu tio e um dos acionistas do A.J. Renner, detendo 47,51% do capital social da instituição financeira, banco em que a prefeitura fechou contrato para créditos consignados aos seus servidores para os próximos dois anos). Pois bem, à menina dos olhos de sua campanha, foi destinado o corte de verba (não era incentivo?) da bagatela de 547 milhões de reais, só para a pasta da Saúde, no seu primeiro ano como gestor da cidade maravilhosa. Para esse senhor precisaria escrever um livro apenas do primeiro ano de seu mandato sobre todas as promessas não cumpridas ( e olha que já estamos no segundo ano!)

A poupança da Era Collor, transformou-se na Reforma Trabalhista e Previdenciária da Era Temer...

Difícil falar de um representante ilegítimo. Não foi eleito pelo povo, logo, não fará nada pelo povo. Como não vem fazendo. Os jantares e apoios comprados e que são largamente divulgados na imprensa (não só as ditas tendenciosas), até porque os seus assessores fazem questão de divulgar a quantidade de dinheiro que é “investida” para a compra desses apoios, dizem por si só. E o povo, que quase quebrou o país por causa do aumento de R$0,25 nas passagens de ônibus, se cala diante do roubo de bilhões da saúde, segurança e educação públicas. São escolas sem professores, hospitais sem médicos e sem remédios, pessoas morrendo numa guerra sem fim. E nós? Nós estamos sentados diante da emissora dita tendenciosa, consumindo seu produto e nos colocando num patamar de soberania e inteligência, dizendo o que deveria ou não ser feito nas redes sociais (tão somente nelas).

Nisso tudo, o que mais me espanta é o ringue montado nas redes sociais para falar que “esquerda é isso, direita é aquilo”. “Se você não apoia Temer, você defende o Lula ou a Dilma.” “Precisamos de intervenção militar.” “Quem é contra isso ou aquilo tem mais é que se f...” “Tantos morrem todos os dias, mas só porque era vereadora morreu que estão fazendo alarde.” “Os traficantes e bandidos tomaram o poder no estado”. Dentre tantas outras frases de efeito, cheias de razão e alimentadas por ódio. NÃO SOU DE DIREITA,e NEM ESQUERDA E SOU APARTIDÁRIO. Importantíssimo frisar isso. Não sou a favor de nenhuma ideologia, nem acho que Lula e Dilma são inocentes. Tenho a consciência tranquila que não contribuo para o fortalecimento do tráfico, pois eu não financio o produto que eles comercializam, como tantos que vomitam isso. E, creiam, não estou aqui para julgar os esquerdistas, direitistas, usuários de drogas ilícitas, estou aqui para contar uma resumidíssima parte do que EU VIVI E VIVO como cidadão nesse país e não quero ser contraditório à luz das palavras que profiro e do meu comportamento na sociedade.

A Constituição Federal me prevê direitos e deveres. Meus deveres estão sendo cumpridos. E meus direitos estão sendo tirados. São 27,5% da minha renda destinados ao IRRF. E esse dinheiro vai para onde? Para os jantares em Paris dos senhores representantes da sociedade brasileira, só para citar um debochado exemplo.

A abertura da novela “Deus nos Acuda” que dá título a esse capítulo, mostrava há mais de 20 anos atrás, um país afundado em lama, e retratava uma festa onde seus participantes eram os representantes políticos de uma sociedade que tentava se reerguer. Achava, aos meus 13 anos, que aquele era um recado aos políticos que viessem pós Collor, que a sociedade brasileira pedia um basta e não iria se curvar mais diante de tanta corrupção e impunidade. E hoje, escrevendo uma mínima parte de tudo isso que vivi e conto aqui, leio um noticiário revoltoso, onde aquele presidente que a sociedade destituiu como seu representante, está de volta como candidato (EHH! Ponto para a direita! Ou esquerda?). E é triste demais acreditar, que será possível ele ter uma quantidade expressiva de votos. Queria sinceramente acreditar que o ponto seria para a população, mas está difícil.

Meu texto é só meu, como todos os outros que escrevo em minhas redes sociais. E por publicá-lo, tacitamente, autorizo as pessoas a discordarem dele, criticarem e se posicionarem. Cada um tem suas ideias e ideais e não estou aqui para convencê-los de nada. Estou para desabafar. Como ser humano. Como cidadão brasileiro. Basta! Basta de hipocrisia! Basta de intolerância! Basta de violência! Basta de corrupção! Basta de querermos ser os donos da verdade. Vamos nos informar sobre fatos e dados reais antes de propagarmos informações enganosas apenas para nos mantermos no patamar da razão. O mundo precisa de tolerância. O Brasil precisa de conhecimento, pesquisa e leitura. Sobre a verdade. Sobre hu-ma-ni-da-de. E que Deus nos acuda...